O Sonho do Patrão

Gostava que habitasse na Ponta Vermelha um homem que não olhasse as pessoas a partir de um trono, mas também gostava que ele fosse capaz de decidir as questões mais difíceis com a grandeza de um guerreiro iluminado.
Gostava que habitasse na Ponta Vermelha um pensamento verdadeiramente tolerante, capaz de respeitar e ouvir com seriedade quem pensa de forma diferente e de levar em conta todas as sensibilidades, ideologias, profissões, estratos sociais e culturais, religiões, credos e simples opiniões. Gostava igualmente que habitasse na Ponta Vermelha, um cidadão capaz de, quando já ninguém se entende, dar um tonitruante grito de “basta!” e um seco murro na mesa, que acabasse logo com a desordem.
Gostava de ter um Presidente da República que não tivesse compaixão pelos pobres. Gostava de ter um Presidente da República que ficasse completamente revoltado com a pobreza.
Gostava de ter um Presidente da República que não amasse ou odiasse os ricos. Gostava, apenas, que ele lidasse com os detentores do dinheiro através da racionalidade fria, da análise séria sobre o bem e o mal que eles, caso a caso, fazem à Nação. Gostava que, face a essa avaliação, agisse em conformidade, sem teias.
Gostava de ter um Presidente da República que tudo fizesse para impedir que Moçambique fique nas mãos de interesses não moçambicanos, que não olhasse para a União Africa, ONU e outros, em pose reverencial e de aluno bem-comportado, que fosse à briga, que rejeitasse os abusos dos países mais poderosos. Gostava, por outro lado, de ter um Presidente da República que visse na União Africana uma grande oportunidade de ajudar o mundo a ser mais justo e que lutasse para que os povos africanos tivessem voz e influência real nas decisões que afectam os seus próprios destinos.

Lidere!

Por: Valter Micas

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